O que é o belo?

Você já deve estar cansado de ouvir falar que “beleza não põe mesa”, o que é bem verdade… mas, no fundo, nem todo mundo consegue se sentir bem se não se achar realmente belo.

O conceito, esteticamente falando, é bem abstrato, mas sua definição “científica” nos mostra que a beleza não só está nos olhos de quem vê, como no ditado popular, mas também pode ser interpretada de várias formas. Para a autoestima isso é ótimo, uma vez que fica combinado que as definições de beleza não serão as mesmas para todo mundo, deixando-nos livres para encarar a vida com mais leveza.

Mas, vamos lá: falei de uma “ciência do belo”. Mas o que, de fato, é isso?

 

Como um deus grego?

E aquela expressão, então, que diz que fulano é bonito que nem um deus grego, significando que fulano é muuuuuuito bonito? Pode ser coincidência, mas a verdade é que os primeiros teóricos da estética foram os gregos, ainda que a “ciência do belo” só apareça pela primeira vez no título de uma obra do filósofo alemão Alexander Gottlieb Baumgarten.

Entender a beleza é um passeio pela história e pelo tempo: foi a partir do século XVIII, com a obra de outro filósofo, Kant, que a estética começou a ser tratada como uma disciplina a ser estudada. O conhecimento do belo, para o filósofo, era visto como a perfeição do conhecimento sensível. No entanto, essa perfeição, se comparada ao saber racional, é considerada uma realidade menos clara do que o sabor de tipo lógico.

Em outras palavras, era como se, naquele tempo, as pessoas tivessem mais coisas a se preocupar do que com a apreciação do belo, embora a beleza fosse um assunto implícito na sociedade. Qualquer semelhança com os séculos passados e hoje não é mero acidente.

E se hoje você se pergunta o que é belo ou ser belo, agradeça a Platão pela dor de cabeça do pensamento estético. Foi ele que, lá na Grécia Antiga, formulou explicitamente essa pergunta. Para ele, a beleza existe em si, separada do mundo sensível: uma coisa é mais ou menos bela conforme sua participação na ideia suprema de beleza.

Oi?

Já Sócrates achava que o belo era uma concordância observada pelos olhos e ouvidos – e, aqui, tenho que concordar com ele: a beleza não é só o que se vê, mas, também, o que se ouve. Afinal, quantas vezes você já passou por uma pessoa que considerava linda e que te fez ter outra percepção quando abriu a boca? Ou o contrário? Nosso amigo Sócrates sabia das coisas.

 

A beleza como arte

Com o passar dos anos vimos os padrões de beleza serem formados por conta de questões artísticas. Cinema, televisão, passarela… tudo nos fez acreditar que a beleza poderia ser facilmente encontrada dentro de uma caixinha com características bem marcadas.

Ainda bem que acordamos para a vida e entendemos que essa caixinha deve ser completamente destruída, uma vez que o belo não é só o loiro, o liso, a pele branquinha. Do contrário, deixaríamos tristes da vida alguns filósofos que indagavam sobre as padronizações muito antes de você achar que só seria salva pela escova e pela chapinha.

As reflexões de Aristóteles sobre a arte, por exemplo, diziam respeito à imitação da natureza e da vida, dominando ideias de limite, ordem e simetria. Já um outro rapaz chamado Plotino perguntava a Enéadas (mais do que amigos, eram friends) se a beleza dos seres consistia, realmente, na simetria e na medida – afinal, tais critérios convinham apenas à beleza física, plástica, indevidamente confundida com a beleza intelectual e moral.

O próprio ser físico, sensível, dó é belo na medida que é formado por uma ideia que ordena e combina suas múltiplas partes. Em outras palavras, você só terá a aparência bela, para esses filósofos, se o seu cérebro estiver em mais atividade que seus músculos.

Para um grupo de pensadores denominado “escolásticos”, a arte é uma virtude do intelecto prático, um hábito de ordem intelectual que consiste em imprimir ideias a uma determinada matéria, ainda que, para Kant – aquele filósofo do início do texto –, belo é o que agrada universalmente, sem relação com qualquer conceito. Contudo, a satisfação para ele só é estética quando gratuita e desligada de qualquer interesse ou objetivo.

É “beleza natural” que fala, Kant?

No dicionário e na vida

Se você caçar a palavra “belo” no dicionário terá a seguinte resposta:

1. ideal de beleza; 2. perfeitamente; muito bem! excelentemente!; 3. belo sexo: o sexo feminino; 4. em que há beleza; 5. aprazível, deleitoso, ameno; 6. que é perfeito para o fim a que se destina; 7. que satisfaz cabalmente os nossos desejos ou prazeres; 8. escolhido, distinto; 9. nobre, generoso; 10. certo.

Viu quantas definições o belo pode ter, se perguntarmos para o Aurélio ou qualquer um dos filósofos que contamos nesse texto?

Então, se eles podem definir a beleza de tantas formas, por que você não poderia?

O belo, a beleza, tem ciência, tem estudo e tem padrão – mas nada disso significa que você não possa fazer o seu próprio conceito e ser feliz com ele. Aliás, nem mesmo a ciência quer ser eterna: uma das maiores provas de nossa evolução é que continuamos estudando para aperfeiçoar estudos e trazer mais conforto à existência.

Por isso, da próxima vez que você acordar não se achando bonita o suficiente, porque a moça da revista tem uma pele mais vistosa ou a da novela tem o cabelo dos sonhos, volte aqui, leia esse texto de novo e lembre-se de que nada do que você pensa é verdade absoluta, inclusive esse seu conceito limitado do que é beleza.

Você é bonita e pronto! E sabe como eu sei disso? Porque, no fim das contas, gosto é da frase de um tal Johann Wolfgang von Goethe, escritor, cientista e filósofo alemão, que dizia que “quem tem bastante no seu interior, pouco precisa de fora”.

Ter um cabelo lindo é mara, se olhar no espelho e se achar gata é incrível, mas tudo isso só vai fazer sentido se o amor próprio vier de dentro pra fora. E, no fim das contas, os filósofos podem refletir sobre o belo o quanto quiserem, que pra mim a conta fecha assim: a bondade e a inteligência serão sempre os melhores traços de beleza de qualquer pessoa.

Este post tem 4 comentários

  1. Edmar soares

    ja fui vedendor e posso comprovar que os produtos sao maravilhosos

  2. ceser

    A beleza debende de que ver,e como ver.

  3. ceser

    A beleza debende de que ver,e como ver.

  4. Isaac

    Entrei desesperado para fazer um trabalho, sai com a autoestima lá em cima

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